Segundo dados da NielsenIQ, estes itens já estão presentes em 34% dos lares brasileiros
Com a alta inflação e a queda no poder aquisitivo, o consumidor tem trocado alguns produtos no carrinho de compras. Uma opção para driblar o avanço da inflação é a compra de produtos de marca própria. Nos primeiros quatro meses de 2022, as pessoas consumiram 7,68% a mais com marcas próprias quando comparado ao mesmo período de 2021.
Esses produtos estão em expansão no país, e nunca foram tão importantes para os supermercados e farmácias. Segundo dados da NielsenIQ, produtos de marca própria já estão presentes em 34% dos lares dos brasileiros. O levantamento mostra também que a cada compra feita no supermercado, quase sete itens do carrinho são marcas próprias.
De acordo com Roberto Butragueño, diretor de varejo da NielsenIQ, o varejista também é beneficiado com a venda das marcas próprias porque a margem de lucro desses produtos é maior. Ele ressalta que a marca própria é um componente que ajuda muito no crescimento no médio e longo prazo do varejista. “Ela ajuda na rentabilidade da marca, e permite oferecer uma oferta de preço competitivo, fazendo com que o consumidor sempre volte”, pondera.
Segundo Eduardo Finelli, diretor de marcas exclusivas do GPA, os produtos de marcas próprias são um pilar estratégico para os supermercados e, no primeiro trimestre do ano, elas representaram 21,5% das vendas totais, ante 18,7% no mesmo período de 2021.
De acordo com Butragueño, apenas 5% do que é vendido no varejo alimentar do Brasil é de marca própria, bem abaixo do verificado nos Estados Unidos (20%) e na Europa (30%). Ele avalia que o brasileiro é “marquista”, ou seja, ainda tem dificuldade em trocar sua marca preferida por uma marca própria.
“No momento inflacionário, com crise econômica, o consumidor é muito resistente para trocar as marcas. Ele está trocando, mas prefere trocar tamanhos, embalagens, buscar promoções, tudo para não trocar a marca”, explica.
Outro desafio, segundo o executivo, é a questão logística – um país de dimensões continentais, que dificulta para o varejista encontrar fabricantes que consigam produzir as marcas próprias e entregar em todas as regiões com preço consistente.
O diretor da NielsenIQ ressalta ainda que as marcas próprias são inerentes a modelo muito comum na Europa, Estados Unidos e alguns lugares da América Latina, os chamados hard discounts. São lojas menores onde os produtos são vendidos a preços que são, em princípio, inferiores.
Esses estabelecimentos contam com compras em massa e distribuição eficiente para manter os custos mais baixos, e 80% dos itens são exclusivamente de marca própria. Por aqui, os hard discounts foram substituítos por atacarejos, que não possuem marcas próprias, e sim marcas líderes com um preço mais acessível. Segundo dados da NielsenIQ, dois a cada três brasileiros compram nessas lojas.
“Apesar de os consumidores terem começado a experimentar as marcas por necessidade, se as varejistas conseguirem aproveitar o momento para oferecer um produto de qualidade, com um bom preço, de maneira consistente, o consumidor não volta atrás”, avalia.
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